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Juros Elevados Ainda Restrigem as Vendas de Automóveis

O Impacto dos Juros Elevados no Mercado Automotivo Brasileiro

O mercado automotivo brasileiro tem apresentado sinais de crescimento graças à maior concessão de crédito e à redução da taxa de desemprego. No entanto, os juros elevados ainda representam uma barreira significativa para um crescimento mais expressivo. Mesmo com a queda na inadimplência e a redução da taxa Selic, as taxas de juros nos financiamentos de automóveis permanecem altas, limitando o potencial de expansão das vendas de veículos novos.

O Cenário Econômico Atual e o Financiamento de Veículos

Aumento na Concessão de Crédito

De acordo com o Banco Central, o volume de financiamentos concedidos para a compra de automóveis em junho de 2024 chegou a R$ 16,8 bilhões, um aumento de quase 40% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os bancos estão mais dispostos a conceder crédito, aprovando cerca de 70% dos pedidos, conforme dados da Fenabrave.

Redução da Inadimplência e Novas Garantias

A taxa de inadimplência nos financiamentos de veículos caiu de 5,4% para 4,5% nos últimos doze meses. Além disso, o Marco das Garantias, aprovado no final do ano passado, facilitou a retomada de veículos em caso de inadimplência, reduzindo os riscos para os bancos e incentivando a concessão de crédito.

Persistência dos Juros Elevados

Comparação Anual das Taxas de Juros

Em julho de 2023, a taxa média de juros para financiamentos de veículos era de 26,1% ao ano, com a Selic em 13,25%. Um ano depois, mesmo com a Selic reduzida para 10,5% e a inadimplência em queda, a taxa de juros média para compra de veículos caiu apenas para 25,5%, resultando em um spread maior de 15 pontos percentuais.

Impacto no Consumidor

Os consumidores brasileiros, muitas vezes, não possuem educação financeira suficiente para avaliar o custo total do crédito, focando apenas no valor da prestação mensal. Essa falta de atenção aos juros pagos permite que os bancos mantenham spreads elevados, dificultando ainda mais a aquisição de veículos novos.

Potencial de Crescimento do Mercado

Dados de Vendas e Projeções

No primeiro semestre de 2024, as vendas de veículos leves superaram as expectativas, com mais de 1 milhão de emplacamentos e um crescimento de 15,4% em relação ao mesmo período de 2023. A Anfavea e a Fenabrave revisaram suas projeções de crescimento para o ano, esperando um aumento de até 15%.

Financiamentos e Comparações Históricas

Em junho de 2024, foram financiados 86 mil veículos leves novos, representando 42% das vendas totais no mês. Esse percentual é baixo comparado aos cerca de 70% de 2019. Em contraste, o financiamento de veículos com mais de doze anos de uso cresceu 40,3%, indicando que muitos consumidores estão optando por carros mais baratos para se adequar ao orçamento, mesmo com juros elevados.

Análise e Perspectivas

Educação Financeira e Consciência do Consumidor

Uma das principais barreiras para a redução das taxas de juros é a falta de educação financeira entre os consumidores brasileiros. A maioria das pessoas foca apenas no valor da parcela mensal e não no custo total do financiamento. Campanhas de educação financeira poderiam ajudar a mudar esse cenário, incentivando os consumidores a buscarem melhores condições de crédito.

Estratégias dos Bancos

Os bancos, por sua vez, aproveitam a falta de informação dos consumidores para manter os juros altos. A concorrência entre as instituições financeiras poderia ser um fator de pressão para a redução das taxas, mas isso ainda não se refletiu significativamente no mercado de financiamento de veículos.

Conclusão

O mercado automotivo brasileiro tem mostrado um crescimento promissor graças à maior concessão de crédito e à redução do desemprego. No entanto, a persistência de juros elevados nos financiamentos continua sendo uma barreira significativa para um crescimento mais robusto. A educação financeira dos consumidores e uma possível redução dos spreads bancários poderiam liberar ainda mais o potencial desse mercado, permitindo que mais brasileiros adquiram veículos novos e contribuam para a expansão econômica do setor automotivo.

Com crédito mais disponível, desemprego menor e confiança do consumidor em alta, o volume de vendas de veículos leves no Brasil surpreendeu até os mais céticos – inclusive este colunista – no primeiro semestre, com pouco mais de 1 milhão de emplacamentos e crescimento de 15,4% na comparação com o mesmo período de 2023.

A aceleração acima do esperado fez a Anfavea, que representa os fabricantes, elevar de 5,7% para 11% sua projeção de expansão do mercado este ano, enquanto a Fenabrave, que representa os concessionários, espera ainda mais: 15%, contra os 12% da estimativa elaborada em janeiro passado. Olhando para a evolução das vendas, do crédito e dos juros a conclusão é que o mercado brasileiro de veículos poderia crescer bem mais do que o ritmo atual.

Em junho, segundo dados da B3, foram financiados 86 mil veículos leves zero-quilômetro, número 7,8% maior do que o registrado no mesmo mês de 2023, mas que representou apenas 42% dos 202,6 mil automóveis e utilitários leves vendidos no período, um porcentual ainda baixo na comparação com os cerca de 70% de 2019, por exemplo.

Como comparação, o crescimento verificado no mesmo mês foi bem maior, de 40,3%, no número de veículos financiados com mais de doze anos de uso, justamente os mais baratos, que fazem a prestação caber no bolso, mesmo com juros mais elevados.

Esta enorme diferença de desempenho nas vendas financiadas de carros zero-quilômetro e dos velhos com mais de doze anos comprova que o custo do crédito ainda é uma trava importante para a evolução do mercado de veículos novos, cada vez mais caros e sem a diluição das suaves prestações.

Conclusão Final

O mercado automotivo brasileiro enfrenta um momento de crescimento impulsionado por uma economia mais estável e maior disponibilidade de crédito. No entanto, a alta taxa de juros nos financiamentos continua a ser uma barreira significativa. Para que o mercado alcance seu pleno potencial, é necessário um esforço conjunto de consumidores mais conscientes e instituições financeiras dispostas a reduzir os spreads. Apenas assim será possível transformar o crescimento atual em um desenvolvimento sustentável e robusto para o setor automotivo no Brasil.

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